sexta-feira, 22 de julho de 2011

Sina Insana

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Mergulhos de cabeça
 – paixões equivocadas –,
numa nuvem espessa

que não pode ser furada.
Mais um poema na tristeza,
bálsamo pra feridas mal curadas.

Oh, sina insana!

Ser vítima de um coração que só se engana.

quarta-feira, 20 de julho de 2011

Benzinho, traz outra que já vai começar!

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Essa quem me contou foi o Tinho, que é casado com a Marisa, prima da minha esposa. Ele é um sujeito muito divertido. Representante comercial, o Tinho viaja muito pelo interior do Estado e acumula piadas e histórias engraçadíssimas, seu repertório é vastíssimo. Algumas histórias, ele jura que são verdadeiras. Bem, na verdade isso não interessa muito, o que conta é a diversão que elas proporcionam.

O Tinho me disse que tem um amigo muito cara-de-pau e que outro dia enforcou o trabalho na parte da tarde pra assistir um jogo da Copa dos Campeões da Europa. Para a surpresa da esposa, chegou em casa na hora do almoço, algo que não faz parte da sua rotina.

– Ué, você não me disse que vinha almoçar!
– Pois então, vim almoçar e ficar um pouquinho com você e as crianças. Faz tempo que a gente não fica junto.

Conhecendo o marido, a mulher logo desconfiou que tinha alguma coisa por trás daquela declaração de afeto.

– E você não vai voltar pro trabalho, não?
– Não, quero ficar com vocês.

Almoçaram e a mulher pegou no batente, e ele, tranquilamente, se esparramou no sofá pra tirar uma soneca. A esposa corria de um lado para o outro, cheia de coisas pra fazer. Enquanto lavava a louça do almoço, tinha que dar atenção aos três filhos pequenos que não paravam de brigar. Depois da cozinha arrumada, foi direto para a área de serviço colocar mais roupas pra lavar e passar aquelas que já estavam secas... e as crianças brigando. O mais velho se prevalecia do seu tamanho e batia no menor, esse por sua vez, vinha chorando pra mãe a fim de reclamar da injustiça. E ela se desdobrando para atender a demanda.

No meio daquela confusão toda, perto da hora do jogo, o marido acorda e, sem nenhuma sensibilidade, grita pra esposa:

– Benzinho, traz uma cervejinha que já vai começar!

A mulher no meio daquele “tiroteio”, complacentemente, vai à geladeira, pega uma latinha e leva para o marido. Ele com uma sede daquelas, quase que num gole, toma toda a cerveja. Mal acabara de pegar o ferro elétrico ouve outro grito do marido:

– Benzinho, traz outra que já vai começar!

Resignada, apóia o ferro sobre a tábua de passar e novamente vai à geladeira e pega outra cerveja para o marido. Ele pega a cerveja e nem mesmo agradece, seus olhos estão atentos querendo acompanhar a escalação dos times. A mulher volta para a sua tarefa, magoada com a falta de sensibilidade do esposo. As crianças continuam brigando, sua cabeça da voltas: choro de criança, calor, trabalho, incompreensão e... o marido grita mais uma vez:

– Benzinho, traz outra que já vai começar!

A mulher explode de raiva. Indignada, larga o ferro elétrico e vai até a sala e despeja em palavras a sua fúria:

– Paciência tem limite! Você não se manca, não? Eu cheia de coisas pra fazer e você além de não me ajudar ainda vem me dar mais trabalho. Quarta-feira e o “barão” belo e formoso em casa, matando serviço, assistindo futebol e querendo que eu lhe sirva de garçonete... Não quer uma porção de fritas, meu bem?!

Diante da indignação da esposa, o amigo do Tinho, com a maior cara-de-pau olha pra ela e diz:

– Não falei, não falei?! Já começou! Já começou!

segunda-feira, 18 de julho de 2011

A Diferença da Matéria Prima

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Ser mulher, melhor do ser.
Terra grossa fez o homem,
da maciez da carne ela saiu. 

sábado, 16 de julho de 2011

Olhos Verdes

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Fugir, sem chance.
Imprudente, fiquei ao alcance
dos seus olhos verdes.
Anzol, gancho que prende, rede.

O que será de mim?
Meu destino é viver prisioneiro,
me entregar inteiro,
ir até o fim?

Sim, olhos verdes
que despertam a sede,
que me dão fome de amor.

Me rendo,  me entrego
feito abelha e flor,
como num voo cego.

quinta-feira, 14 de julho de 2011

O Cavalo do Príncipe

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Sonhadora, estava certa de que se casaria com o príncipe encantado. Realista, descobriu em pouco tempo que não se casara com o príncipe, mas com o cavalo do príncipe.

terça-feira, 12 de julho de 2011

A próxima Estrada

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Lentamente, deslizando no peito,
– sob o efeito da dor,
descaminhos da alma,
que perdida se entrega ao fel –
lembranças conduzidas,
sorvem o amargo.

Delirante rumo,
até que se decida,
na próxima saída,
desvio para nova estrada.


domingo, 10 de julho de 2011

Improvável

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Semanalmente, lá estava ele, com ânimo renovado, fazendo a sua fezinha. Mesmo que, matematicamente, fosse pouco provável, apostava o mínimo, mas apostava, acreditando que um dia ganharia a mega-sena acumulada e a vida mudaria. Poucos recursos, apostas pequenas, mas uma certeza enorme. Dias, semanas e anos se passaram, e ele permaneceu fiel às suas convicções. Até que percebeu que a moça da lotérica era um verdadeiro “prêmio”. Então, deixou de apostar pouco, investiu pesado e tirou a sorte grande... e a vida mudou.

sábado, 9 de julho de 2011

Hesitante

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A dor do medo adormecido
A dor do amor amortecido
Amor que foi, mas sem ter sido

sexta-feira, 8 de julho de 2011

Inteiro

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Sincero, sem cera, sem maquiagem
Com a coragem de ser o que é
Sem o disfarce da mera imagem

Certeiro, puro e verdadeiro
Sim ou não sem talvez
Morre o lobo, vive o cordeiro

Como na primeira vez

Real, total, inteiro

quinta-feira, 7 de julho de 2011

Feito Goma de Mascar

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Ainda que não quisesse ouvir, não teve jeito. O restaurante, se é que posso chamá-lo assim, era apertadinho. As mesas eram tão perto umas das outras que mal dava pra passar entre elas. O rapazinho que fazia o papel de garçom se espremia pra circular entre as mesas, equilibrando as bandejas onde transportava os pratos feitos que eram montados e servidos às largas aos clientes que, como eu, não tinham muito tempo pra almoçar.

Nessa época, eu estava fazendo uns treinamentos pela empresa em São Paulo, mas de fato trabalhava no interior do Estado. Então, uma semana por mês, dormia num hotelzinho mal-cheiroso, na Barão de Limeira, paralela com a Avenida São João – aquela mesma que o Caetano Veloso celebrizou na música “Sampa”. E durante o dia era correria pura. Sete e meia começava o treinamento. Meio dia e trinta, hora do almoço. Uma e meia, todo mundo de volta. Os horários eram rigorosos, atrasos não eram permitidos. Então, quando nos liberavam para o almoço, não esperávamos nem o elevador. Descíamos seis andares pela escada pra ganhar tempo. E aí, com passos ligeiros nos dirigíamos para o restaurante onde o preço da comida cabia no nosso bolso.

Um daqueles dias ficou marcado, não pela comida, mas pela conversa de dois rapazes que eu nunca tinha visto na minha vida antes. Eles estavam na mesa ao lado da minha e não faziam nenhuma questão de serem discretos. Falavam alto e um deles compartilhava o seu dilema. Dizia ele que o salário que estava ganhando só dava pra comprar as roupas que ele precisava usar pra poder trabalhar. Num misto de indignação e conformismo, ele se explicava ao amigo:

– Meu, o que eu posso fazer? A grana que eu ganho é a conta pra eu poder comprar as roupas que eles exigem pra poder trabalhar. A gente tem que andar bem vestido lá, senão eles mandam embora. Então, eu descobri que eu tô trabalhando pra comprar roupa pra poder trabalhar. Entendeu, meu? Eu trabalho pra comprar roupa pra poder trabalhar pra comprar roupa pra poder trabalhar pra comprar roupa...

Eu passei o resto do dia com aquele diálogo na cabeça. Perplexo, pensei: “Que lógica perversa!” Que perspectiva alguém pode ter quando fica preso numa rotina dessas? Que vida pode existir nessa “vida” que só nos consome e nada nos oferece? Que alegria pode ter os que correm atrás do vento, que mesmo sentindo o seu toque, sabem que jamais o alcançarão? Infelizmente, não são poucos os que vivem sem uma razão mais nobre, prisioneiros de um sistema que mastiga o ser humano e depois o cospe feito goma de mascar.

quarta-feira, 6 de julho de 2011

Desde que Seja Hoje

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Ainda que esteja perto,
o amanhã é incerto.
E se ele não vier, quero a paz da consciência
de que não houve negligência,
e o que tinha que ser feito
[mesmo longe do perfeito], feito foi.

Vida, mais que eterno ensaio –
planos perfeitos que moram no papel,
idealizado céu que nunca vem,
sempre mais além.

Que o pretenso capricho da arte final,
afinal aconteça.
Vida traduzida na coragem de ser,
que paga pra ver, sem ter medo de chorar.

Se pra amanhã ficar,
e o que ficou ficar sem tempo de ser,
o ser que poderia, mas não foi,
cobrará por uma eternidade.

terça-feira, 5 de julho de 2011

Mera Casualidade

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Ela não conseguiu dormir. Então, aproveitou a insônia e foi ao supermercado 24h comprar gêneros de primeira necessidade, adiantando as tarefas do dia. Ele passou por lá atrás de um Cabernet Sauvignon pra acompanhá-lo na solidão da entediada madrugada. Foi no caixa que se encontraram... duas vezes.

segunda-feira, 4 de julho de 2011

Hora do Almoço

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Panela no fogo:
cheiro bom na cozinha,
saliva faz festa na boca

domingo, 3 de julho de 2011

Conta Zerada

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O frio da alma desaparece
O sofrer se esquece
Coração se aquece, no calor da tua presença

Decreto que renova o afeto
Superação da desavença
Sentença que remove o veto

Nos lençóis de cetim, a conta é zerada

A lágrima de ontem é página virada

sábado, 2 de julho de 2011

Menino sem Nome

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Sinal fechado. Por entre os carros lá vai o menino sem nome com a mão estendida contando com a misericórdia de impacientes motoristas. Com o olhar triste ele segue: sem casa, sem nome, sem futuro... 

PS: hoje, no Brasil, segundo fontes oficiais, existem mais de duzentas mil crianças de rua, sujeitas a todo tipo de privações e violência, entregues à própria sorte, sem nenhuma perspectiva de vida.

sexta-feira, 1 de julho de 2011

Hipnótico

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Ah, os olhos dela!

Olhar que acorrenta,
faz de mim fera domada.
Adestra a alma,
meu querer se torna nada.
Minha boca só diz sim,
assim o olhar me fez,
desfez duro coração,
na paixão que se fez laço.
E agora,
o que é que eu faço?

quinta-feira, 30 de junho de 2011

O Endereço da Minha Alma

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Virgílio Carderelli, 105.
Foi lá que aprendi a sentir
Infância que define, e lá vivi
Endereço que, mesmo não sendo mais meu,
gravou na minha alma a sua morada,
fez de mim destinatário e remetente
daquilo que foi, e insiste ser ,
que passou, mas continua sendo.

Virgílio Carderelli, 105.
Foi lá que aprendi a sentir
Endereço que, mesmo não sendo mais meu,
mandou pra vida a carta que sou,
e mesmo não estando mais lá,
continua sendo o endereço de onde envio e recebo
as cartas que contam minha história –
infância que abriu os caminhos da minha alma.

quarta-feira, 29 de junho de 2011

Minhas Crises nos Semáfaros

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Eu tenho crises nos cruzamentos das avenidas da minha cidade. Eu não suporto quando a sinaleira fecha e tenho que esperar uma eternidade até que a luz verde permita que o trânsito flua. Ah, se eu pudesse, certamente inventaria um trânsito tão perfeito que ninguém precisaria parar em sinal vermelho. Não é que eu seja tão impaciente que não consiga esperar alguns minutos, não é a espera propriamente dita que me deixa em crise, mas os acontecimentos do tempo da espera, sobretudo, os constrangimentos pelos quais passo.

Primeiro são aqueles meninos famintos que ficam jogando umas bolinhas pra cima, num arremedo de “show” de malabarismo. Tem uns que querem nos convencer de que são artistas de fato e, por isso, sobem uns nas costas dos outros, na tentativa de produzir uma pirâmide humana. Os mais fortinhos servem de apoio para os mais magrinhos que ficam jogando as bolinhas pro alto como se estivessem num circo a céu aberto. E depois do breve espetáculo improvisado, saem em busca de alguma moeda, estendendo a mão diante de cada carro preso na armadilha do semáforo. Também tem aquele pessoal das cadeiras de rodas, que vende balas, chicletes e chocolates, que nos intimam com os seus olhares sofridos, que apelam pra nossa misericórdia que nos faz comprar. E quando não compramos, nos sentimos mal, como se não tivéssemos coração. Além deles, tem a turma das entidades sociais que estendem uma faixa de um lado ao outro do cruzamento com dizeres que nos estimulam a algum tipo de contribuição. Então a equipe se põe a postos passando de veículo em veículo buscando arrecadar algum trocado, nos dando a opção de sermos generosos ou de fazermos uma declaração pública de insensibilidade. Claro que não posso me esquecer da garotada que tenta "limpar" o pára-brisa do automóvel e depois reivindica o “pagamento pelo serviço prestado”. Aqueles rodinhos e aquela água ensebada são o terror dos motoristas.

Mas, por favor, não pensem mal de mim, a minha crise não tem base no dinheirinho que damos ou deixamos de dar. Não tem nada a ver com as moedas que ficam no console do carro, se vão levá-las ou se vou conseguir depositá-las no cofrinho das crianças. Mas tem a ver com uma mazela social que continua crescendo, que está cada dia mais perto da gente, que muitas vezes sai das sinaleiras e migra para o crime, para o mundo das drogas, que faz com que os “malabaristas” se transformem em crianças violentas que matam chefes de família, donas de casa, jovens promissores. Que causam dor na família, que produzem traumas insuperáveis. Tem a ver com a banalização da violência que já não choca como antes, que alimenta os noticiários, mas não é mais novidade, que já faz parte do cotidiano, mas que, mesmo assim, parece tão longe da gente até que chega a hora que toca a campainha da nossa casa. Tem a ver com a minha participação nisso tudo. Será que eu tenho um papel maior a desempenhar como cidadão, ou devo reduzir o meu desempenho à só reclamar dos governantes? Será que a única coisa que nos resta é falar mal dos políticos? Será que a nossa cidadania se resume a isso ou temos mais o que fazer? Ou será que a gente tem que torcer por um sinal verde permanente que nos deixa passar sem nos incomodar com os que não podem desfrutar do nosso ar condicionado? Essas são algumas perguntas das minhas crises, que ficam maiores quando chego à conclusão de que “nunca antes na história desse país” o sinal vermelho se acendeu tão forte diante dos nossos olhos.

terça-feira, 28 de junho de 2011

Fantasia

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Crio imagens
Invento personagens
Finjo sentir dor

Aparento estar triste
Dou a impressão que o mal existe
Como se sofresse de amor

No fundo dou risada, pois tudo era nada

Sou apenas escritor 

segunda-feira, 27 de junho de 2011

A Arte de Dissimular

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Quando criança, ele viveu uma experiência que o marcou para sempre.

A campainha da escola soou e a criançada saiu correndo para o recreio. Ele, sabendo que a fila da cantina sempre era grande, apressou o passo, buscando ser um dos primeiros. Se assim conseguisse, daria tempo de comprar o lanche e ainda jogar uma bolinha com os colegas. Entretanto, quando chegou, pelo menos umas cinqüenta crianças já estavam enfileiradas a sua frente na fila do caixa. “Fazer o que?” Pensou. Com paciência permaneceu esperando a sua vez, e quase que automaticamente colocou as duas moedas grandes na boca e ficou brincando com elas. Esse era um péssimo hábito, inúmeras vezes censurado pelos pais. Mas não tinha jeito, ainda que ele mesmo se envergonhasse da mania, não conseguia se livrar dela. A fila demorou a andar, e ele, distraído, se divertia com as moedas na boca. Até que, quando havia apenas dois colegas a sua frente, acabou engolindo uma das moedas. Além da dor e do susto, com um frio na barriga, lembrou-se que acabara de desinteirar o dinheiro e que não teria o suficiente para comprar o lanche. Sem graça, saiu da fila depois de esperar aquele tempo todo. O colega que estava atrás dele estranhou e perguntou:

– “Tá chegando a sua vez, não vai comprar o lanche, não?”

– “Perdi a fome, não estou mais com vontade de comer” – falou de modo convincente, sem que ninguém percebesse o verdadeiro motivo que o levara a desistir da fila.

Foi assim que aprendeu a dissimular, arte na qual se aperfeiçoou. Todas as vezes que era pressionado se safava não falando a verdade. Habilidosamente, sempre escondeu as verdadeiras razões, passando outras impressões. Para se salvar, manipulava a realidade, a fim de que pensassem o que ele queria.

domingo, 26 de junho de 2011

Insinuante

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Se insinua,
como se estivesse nua.
Nada diz, mas como fala!

sábado, 25 de junho de 2011

Trama

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Ao seu lado deita e fica.
Parece que ama,
mas faz parte da trama
.

sexta-feira, 24 de junho de 2011

Relento

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Na porta tua,
minha alma nua
morre de frio.

quinta-feira, 23 de junho de 2011

Laplaciano

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O que fui,
me fez ser o que sou.
O que sou, fará o que serei.

quarta-feira, 22 de junho de 2011

Amor aos Cacos

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Profanou o original. Quis juntar os cacos, colar pedaço a pedaço – pacientemente –, como habilidoso restaurador. Foi então que percebeu sua falta de sensibilidade, quando, novamente, deixou cair, e os pedaços se multiplicaram. Na dor, descobriu que o original profanado não poderia ser recuperado. Largou os cacos no chão e o tempo fez virar pó.

O Céu é Maior

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O paraíso era certo
quando acordei no deserto,
sem nada entender.
Boca seca,
sede de vida intensa,
o instinto impera,  
a cabeça não pensa.
O mundo dá volta
na revolta da alma
que, cega, não vê.
E na falta da calma
segue cega sem ver
o céu do deserto,
imenso e tão perto.

terça-feira, 21 de junho de 2011

A Alegria do Ser

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Ainda que não dure,
deixe que o tempo cure.
Ainda que adoeça,
deixe que aconteça.

Sem o receio do que possa ser.
Creia que a solidão da noite
se desfaz no amanhecer,
abrandando a dor do açoite.

Golpe que abre feridas e faz sangrar.
Que marca a vida, mas não consegue roubar
a paixão de viver.

Da vida que se renova,
que se fortalece a cada prova,
que mesmo sem ter, se alegra no ser.